De um hotel na Zona Sul do Rio de Janeiro, Bernardinho e seus comandados não tiraram os olhos da TV. Dependiam do resultado da partida entre Estados Unidos e França para poderem respirar aliviados. Os dois sets vencidos pelos atuais campeões mundiais apontavam a necessidade de apenas mais um para assegurarem a vaga nas semifinais da Liga Mundial e levarem o Brasil a reboque. Mas o time francês, que passou longe de mostrar a agressividade habitual, cresceu na reta final da terceira parcial e complicou a vida da seleção, que passou a depender de uma vitória dos Bleus no quarto set. Mas ela não veio. A eliminação dos anfitriões foi confirmada com o triunfo dos americanos, nesta sexta-feira, no Maracanãzinho, por 3 sets a 1 (25/21, 25/22 e 24/26 e 25/20). Vaias foram ouvidas após o término do confronto.
Com vitória dos EUA por 3 sets a 1, sendo a última parcial de 25/20, Brasil ficou fora das semifinais (Foto: AFP)
As três seleções tiveram um tríplice empate em número de pontos (três) e set average (1.000). O desempate teve que ser o point average (pontos ganhos divididos pelos pontos perdidos). O Brasil, com 0.970, levou a pior e amargou a terceira colocação, sendo eliminado em casa. Os Estados Unidos (1.031) ficaram em primeiro lugar no Grupo I, e a França (1.000), com a segunda vaga nas semifinais.
O Brasil foi derrotado pela França por 3 sets a 1 na estreia e venceu, pelo mesmo placar, os Estados Unidos. Nesta sexta, torcia para que os americanos superassem os franceses por 3 a 1. Esse era o único resultado que forçava as três seleções do grupo a recorrerem à calculadora para ver quem se classificaria. Qualquer outro colocava o Brasil nas semifinais. No quarto set, a esperança era que ou a França forçasse a quinta parcial ou perdesse por 25/14. O 25/20 americano provocou a eliminação brasileira.
Estados Unidos e França aguardam agora a definição do segundo classificado do Grupo J, já que a Polônia, que enfrenta a Sérvia nesta tarde, está garantida. A Itália aguarda a definição.
O JOGO
Os gritos de "França, França!" tomavam conta do ginásio. Ngapeth e seus companheiros iam no embalo e abriam 14/11. Os Estados Unidos forçavam e desperdiçavam saques em sequência. Até chegar a vez de Max Holt. A passagem do central rendeu um ace e outros dois pontos, permitindo a virada (16/15). Le Goff tratava de quebrar a série. O jogo seguia equilibrado. As equipes trocavam erros e o placar se mantinha igual (19/19). Taylor Sander, MVP (jogador mais valioso) da edição passada, soltava o braço, o grito e arrancava sorrisos do time. David Lee ia para o saque e ajudava os americanos a chegar ao set point (24/19). O pontinho que faltava foi marcado por um longo e bonito rali. Le Roux salvava a França, mas na nova oportunidade os rivais faziam 1 a 0: 25/21.
Comandados por Ngapeth, franceses reagiram no terceiro set (Foto: Reuters)
Se a defesa francesa funcionava bem, o ataque deixava a desejar. Os ataques passavam das linhas e o atuais campeões comemoravam (8/5). Laurent Tillie tentava arrumar a casa. E contava com uma falha de Matt Anderson para encostar no placar (12/11). Holt aproveitava a demora da análise de um pedido de desafio para reunir o time na quadra. Ngapeth observava e liderava a reação (14/14). Mas as falhas voltavam a acontecer no ataque, e os Bleus sentiam. Mais ainda quando o levantador Christenson atacava no segundo toque (22/18). A segunda parcial também estava no bolso: 25/22.
A vaga dos americanos estava bem encaminhada. Precisava vencer apenas mais set para avançar às semifinais e levar junto o Brasil. A explicação da situação feita pelo locutor fez a torcida trocar o grito de Allez les Bleus para USA. Lá dentro, a equipe do técnico John Speraw ditava o ritmo (18/15). A França, então apagada, crescia na reta final e empatava (20/20). Ngapeth dava trabalho, mas Matt Anderson estava pronto para conter seu ímpeto. Holt também se apresentava para colocar os Estados Unidos em vantagem (23/22). Os franceses respondiam. Jaeschke conseguia o match point. Tillie, pela entrada de rede, salvava sua equipe. E Rouzier conseguia a virada para os Bleus, após uma falha na recepção de Anderson (25/24). Ngapeth matava o ponto e evitava o fim da partida: 26/24.
A situação se complicava para o Brasil. Teria de torcer agora para que a França vencesse o quarto set. Do contrário, a vitória americana na parcial precisaria ser de no máximo 25/14 para que a seleção garantisse seu lugar no segundo critério de desempate (ponto average). Os gritos voltavam a ser de Allez les Bleus. Só que Anderson & Cia. não podiam nem pensar em perder. O time abria 7/4 e se mantinha no comando. A França passava dos 14 pontos e já não precisava mais se preocupar. Os dois times já estavam classificados. Os erros de saque se multiplicavam de ambos os lados, e a vitória ia para os Estados Unidos: 25/20.
TABELA DE JOGOS DA FASE FINAL